quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Sobre as graças do amadurecimento

Fui na feira, comprei uma dúzia de bananas, quando cheguei em casa vi que ela não estava completamente madura para consumir; entre muitas opções do que se fazer, nos vem aquela lembrança de nossas avós: 'enrole no jornal e deixe em temperatura ambiente, minha filha!'. Logo depois de uns dois ou quatro dias, temos uma dúzia de bananas no ponto para serem consumidas da melhor maneira possível. Mas e quando o que ainda não está maduro, não foi comprado, ou colhido no pé mais cedo; e quando somos nós que não estamos maduros, o que fazer? Enrolar no jornal? Muitas vezes, nos julgamos homens formados, prontos para o mundo, prontos para a vida; saímos dizendo frases que pessoas maduras diriam, fazendo festas que pessoas maduras fariam; mas na realidade estamos é no começo do amadurecimento, e não nos damos conta disso. Porque simplesmente, ninguém nos chega e diz que isso não é tão fácil assim, que temos que apanhar muitas vezes, e apanhar bem apanhado, de quebrar a cara mesmo, de cair no chão e perder a noção de como é que levanta; e mesmo depois de cair, sofrer, apanhar, chorar bastante, não estamos maduros, não para tudo; alguns, para nada. Mas durante a fase do amadurecimento, você passa por experiências únicas, incríveis, pelas quais não passaria se sua vida estivesse nos trilhos que você gostaria. Geralmente, temos a graça de conhecer pessoas que também estão na pior, e muitas vezes pior do que a gente, e nem sempre estão piores do que a gente; você percebe o quão pequena é sua dor e seu problema, perto do problema de todo mundo; passa a se importar mais com as pessoas, e menos com você; percebe que realmente foi bom ter tido decepções e ter quebrado a cara; começa a ser um tanto altruísta, e percebe que isso é bom; compreende que por mais que cada detalhe de história seja importante para você, para quem viveu contigo, pode não ser nada; e ai começa o crescimento, a ver que não devemos nos importar com o amanhã, com daqui dez anos, nem fazer planos em solos incertos. Hoje, eu olho para mim há um ano e meio atrás e penso: como eu era imatura; mas quando leio meus próprios textos, vejo palavras cheias de autenticidade, e de uma maturidade completamente falsa; quantas vezes diz superar tombos que na verdade ainda me faziam chorar a noite. Hoje não, hoje eu sei bem quem sou, onde vou e com quem vou! Hoje eu tenho vontade de abraçar e conversar com muitas pessoas que odiei na minha fase de dor, pessoas que hoje sofrem, e talvez se acham maduras o suficiente para passar por isso, e não conseguem tem a humildade de ficar por baixo, para se erguer por completo. Porque apesar de tudo o que passamos, o importante é o que trouxemos, e sabermos que junto com a bagagem, temos nossos joelhos estendidos, e os olhos adiante.

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